Apontamento sobre a vida de pessoas mais velhas
Às vezes são três, outras vezes são quatro. Depende das enfermidades do elemento mais frágil. São velhinhas, acima dos oitenta anos – pelo menos, assim aparentam. Cada qual com suas muletas ou de bengala; cada uma com sua conjugação de doenças crónicas, varizes e receitas por aviar. Levam o seu tempo até chegar à rua e, quando chegam, encontram-se e entopem o caminho - as ruas são estreitas. A conversa, pausada, envelhecida, mais-que-sabida: “está melhor, m’na Luisinha?” e a pergunta não tem resposta. O ritual não passa de um inquérito de consolação para iludir os tempos, o que passou e o que resta. A menina Luisinha sabe que nem ela nem as amigas dela vão melhorar.
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