quarta-feira, outubro 14, 2009

Diálogo cardíaco

-O meu coração é um anormal sem cérebro.
-Hum... onde é que queres chegar? Não estou a receber a fotografia...
-Ãhn?!
-Not getting the... esquece. Continua. O teu coração...
-... é desmiolado. É um inconsequente. Enquanto me encanto através do cérebro, a coisa vai bem. Medem-se as qualidades, apreciam-se os traços. Enfim, uma pessoa até sente que amar é humano. Agora, quando desce para o coração, está o caldo entornado.
-Estás apaixonado.
-Eu, não. Ele é que está. É palpitações, é desejos, é apertos, é suspiros...
-Mas isso é bom. O teu coração é o teu lado emocional. É a pureza.
-O meu coração é o aviso! Quando dispara, significa: perigo! Cuidado! É um palerma.
-Que palerma? Olha, para um músculo carnudo, é até bem esperto. Controla ventrículos, tráfegos de veias e artérias, pulsa com cadência, aumenta ou diminui o ritmo consoante a dinâmica da situação. O teu coração é um maestro.
-E também tenho arritmias.

1 Comments:

Blogger Maria Ana said...

esse fim arrancou-me um sorriso (que é manhã e não há capacidade para gargahadas). Escreve muito bem, caro Diego (nada de novo, eu sei, mas é impossível não ter vontade de reforçar a ideia).

9:31 da manhã  

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