Os mortos
O mundo é feito de mortos.
Nós, os sete mil milhões e tão poucos
nós, os sete mil milhões de sozinhos.
Os vivos, os frágeis, os temporais, os efémeros.
Sete mil milhões de finitos
esmagados pelo infinito
pelos biliões de milhões de infinitos.
Não, nós não temos esperança.
Um dia alimentaremos o mundo
com o corpo.
Com os ossos e a carne contra o chão
e os bichos do chão.
E não conseguiremos fugir
nem lutar
nem sofrer com isso.
E o chão talvez nos engula pouco.
Talvez nos tornemos terra magra
areia estéril
baldio sem propriedade
reservatório de ratos e silvas.
O que será da minha pele
quando se entranhar
terra adentro?
Uma insignificância!
E de mim, que será feito de mim?
Uma memória na cabeça de meia-dúzia de outros finitos?
Tão fracos como eu?
Que vão acabar dentro da terra?
Tudo igual.
Não há que ter esperança.
É praticamente inútil.
A gente aqui
paredes meias com a inexistência
a um incognitésimo obscuro de deixar de ser.
A gente aqui
sete mil milhões de solitários
desfavorecidos, desprotegidos e sem futuro
eternamente mortos daqui a pouco
pateticamente jovens por um instante
inconsequentemente crentes a curta vida inteira.
O mundo é feito de mortos.
Com sorte
o corpo será digno e mergulhará fundo
tornar-se-á magma
que jorrará de vulcões
e, em sua imensa e finita incandescência,
bater-se-á por mais um pouco
só mais uns momentos
antes do apagão final.
E do resto, não mais voltará a saber-se
nem a sentir-se
nem a pressentir-se
nem a existir.
Nunca mais.
Nós, os sete mil milhões e tão poucos
nós, os sete mil milhões de sozinhos.
Os vivos, os frágeis, os temporais, os efémeros.
Sete mil milhões de finitos
esmagados pelo infinito
pelos biliões de milhões de infinitos.
Não, nós não temos esperança.
Um dia alimentaremos o mundo
com o corpo.
Com os ossos e a carne contra o chão
e os bichos do chão.
E não conseguiremos fugir
nem lutar
nem sofrer com isso.
E o chão talvez nos engula pouco.
Talvez nos tornemos terra magra
areia estéril
baldio sem propriedade
reservatório de ratos e silvas.
O que será da minha pele
quando se entranhar
terra adentro?
Uma insignificância!
E de mim, que será feito de mim?
Uma memória na cabeça de meia-dúzia de outros finitos?
Tão fracos como eu?
Que vão acabar dentro da terra?
Tudo igual.
Não há que ter esperança.
É praticamente inútil.
A gente aqui
paredes meias com a inexistência
a um incognitésimo obscuro de deixar de ser.
A gente aqui
sete mil milhões de solitários
desfavorecidos, desprotegidos e sem futuro
eternamente mortos daqui a pouco
pateticamente jovens por um instante
inconsequentemente crentes a curta vida inteira.
O mundo é feito de mortos.
Com sorte
o corpo será digno e mergulhará fundo
tornar-se-á magma
que jorrará de vulcões
e, em sua imensa e finita incandescência,
bater-se-á por mais um pouco
só mais uns momentos
antes do apagão final.
E do resto, não mais voltará a saber-se
nem a sentir-se
nem a pressentir-se
nem a existir.
Nunca mais.
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