Olha uma coisa
O amor.
O amor é uma coisa que significa outra coisa.
Nunca significa uma coisa amorosa.
O meu amor és tu.
E isto significa exactamente isto, sem metáforas.
Eu hoje estou a usar pontuação. Deve querer dizer alguma coisa.
O amor não deveria ser pontuado.
Os pós-modernos não pontuam. E quem quer ser vanguardista pontua de uma maneira inesperada.
Eu pontuo como amo: com fé.
Eu amo-te.
E fiz, na minha cabeça, enquanto lavavas os dentes, uma poesia belíssima.
Pena que essa poesia viesse às postas
e que a minha memória seja um esplendoroso conjunto de reticências a estas horas da noite.
Mas guardei um pequeno deslize de pensamento
sobre o assunto:
o amor nem sempre é amor.
E, pela primeira vez,
acreditando que a memória não me engana,
escrevo sobre o amor a dizer o que o amor é
sublinhando que às vezes ele não é aquilo que se supõe que fosse.
Precisamente porque o amor é isso.
O meu amor és tu e nem sempre o amor é amor.
Não tenho maneira de te explicar o quão grandioso é isto.
Até porque odeio metáforas e a poesia pós-moderna, cheia de palavras que não querem dizer coisas concretas. Nem abstractas. São palavras só de escrever. Não são de ler, nem de entender, nem de sentir.
O amor não é sempre amor porque, se o fosse, não era amor.
Era só parvoíce.
E era só isto.
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